segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os Três Poderes Capitulo um: Nas Ruas de londres



Passava das onze horas da noite, uma brisa suave circulava por entre as vielas de Londres, onde uma figura solitária andava envolta em escuridão. Usava um capuz branco que se estendia até o chão. Nas costas, havia um símbolo pintado em vermelho que se assemelhava com uma cruz. Seu rosto era pálido, tinha traços de uma pessoa velha, amarga. Ele passava silenciosamente por entre as casas simples.
Parado numa calçada, o sujeito olha para os dois lados cautelosamente, antes de atravessar a rua. O homem simplesmente interrompe a sua caminhada em plena pista, fica de pé no meio de um cruzamento.
Latidos são ouvidos ao longe, além de um som melancólico, oriundo de uma igreja na esquina. O sujeito tira o capuz e arrasta a mão para dentro de suas vestes. Tira de lá um isqueiro e um cigarro, ao qual acende cuidadosamente tapando o vento com a mão esquerda.
A fumaça se espalha no meio da noite, até desaparecer por completo. O barulho na esquina vai diminuindo, está ficando tarde. O homem olha para a sua esquerda, e então para a direita: Nada. Sente um flash e se vira por susto, encontra dois homens vindo em sua direção.


-Caro Gregório, quanto tempo! – Diz o primeiro. Ele veste uma espécie de túnica, estampada com uma cruz vermelha ao centro. –Que cara é essa? Não vai me dar más notícias, hein... – O homem, alto e negro, aperta a mão de seu velho amigo. O outro indivíduo vai passando direto, vestindo um sobretudo e um chapéu discreto. Dá para notar sua franja ruiva tombando a testa. Ele se vira para Miguel e Gregório.
-Vamos, Miguel. Sabe que não há tempo para isso. As coisas estão se tornando mais complicadas a cada segundo! –


Assim os homens adentram um bar deserto na esquina, e esperam por uma outra pessoa.
-Três das melhores cervejas que tiver! –Fala Miguel, gesticulando para o homem baixo e gordo com aparencia de barman. O homem anota o pedido e assim desaparece por trás da portinhola dos fundos.


Os três amigos se dirigem para uma mesa próxima a janela. Onde existe um grande adesivo com a foto do barman. “Bar do Joe: beba para esquecer, mas não se esqueça de beber”. Eles penduram os casacos nas cadeiras e se sentam.


-Vai chover, parece. – Diz Gregório, num tom de preocupação.
-Você tem andado tempo demais com os humanos, amigo. - Precipita-se Miguel. –Isso não é problema para nós. –


Um clarão colorido no meio do salão atrai a atenção de todos. Um homem albino de cabelos grandes brancos entra vestido luxuosamente.


-Desculpem a demora, camaradas. – Diz em um tom animado. –Estava fazendo a varinha do meu garoto... Já está com treze anos, sabiam? Mas enfim, do que se vale a honra de meu convite? –


A conversa é interrompida por Joe, que entra novamente na sala trazendo três grandes e espumantes canecas de cerveja numa bandeja. Mancamente, caminha até a mesa dos quatro homens e serve a todos, com exceção do albino.


-Desejam mais alguma coisa senhores? – Diz o rapaz, fazendo uma espécie de reverencia.
-Não, obrigado... – Começa Miguel- Ah... Perdoe minha falta de educação, Lúcian, deseja algo?- Dirige a palavra ao recém chegado companheiro.


-Não bebo. Mas de qualquer forma, obrigado. – Sorri, enquanto o barman os deixa a sós outra vez.


-Ele é sempre falante, é? Esse Miguel?- Pergunta Rufus, o mais rabugento do grupo. Era o homem que aparecera com Miguel na rua. Tinha uma franja ruiva e expressão gasta, cansada. -Desde que fiquei encarregado de trazê-lo aqui ele ainda não calou a boca. –


-Com certeza. – Respondem em coro.


-Sem mais delongas, vou apresentar o motivo de estar reunido com vocês, hoje. – Disse Gregório, tirando de seu casaco um envelope escuro. –A situação... Companheiros... – Ele abre o envelope e mostra seu conteúdo: Vários papéis com gráficos e estatísticas coloridas. – É crítica. –


Por um momento todos se olham, sem saber o que fazer ou falar. Gregório não faz nenhuma pausa em seu discurso.
-... Como sabem, Ricardo vem mostrando toda sua antipatia pelos humanos nos últimos meses, então a inteligência foi colocada atrás dele. Não demorou muito até que descobrissem: Ele está formando um exército. –


Uma expressão de surpresa e pânico se alastrou pelo rosto de todos, exceto Rufus, que apenas franziu a testa.
-E já sabem para que ele formou esse exército? Pode ser apenas por precaução... –
-Não seja ingênuo, Rufus... – Um sorriso maldoso se espalhou pelo rosto de Gregório. –Você sabe que ele não é dessas coisas... –


De repente, uma fumaça preta que se originou do nada foi se alastrando pela sala, cegando a todos. Eles se calaram na mesma hora. A situação continuou tensa, até que por fim a fumaça rodou contra si mesma, até desaparecer. Agora havia outro homem entre eles. Este era jovem, pálido. Tinha um curto cabelo preto, se vestia socialmente.


-É feio falar dos outros pelas costas, sabiam? –


Gregório catou todos os papeis o mais rápido que pode, jogando-os para dentro das vestes desajeitadamente. Miguel levantou-se furiosamente:
-O que você faz aqui, Ricardo?! – Antes de poder se controlar, seus olhos íam ficando rubros...


Rufus adiantou-se a segurá-lo, o mais rapido que pôde. –Não vale à pena... Não vale à pena... –


Ricardo agora olhava debochadamente para eles. –Ora... Ora... O que temos aqui? – Disse com sua voz suave, enquanto se aproximava da mesa. Com sua mão direita, pegou um papel que havia caído ao chão. –Espionagem, não é? –


Seu aspecto calmo mudou de repente, estalou os dedos. De repente surgiram mais cinco homens no espaço apertado do bar.Os seus subordinados pegaram a todos os que se reuniam na mesa, imobilizando-os. Enquanto Ricardo apenas sorria, seus empregados carregavam a todos para fora.
-Isso não é uma revolta. Isso é uma revolução... – Falou em voz alta.
-Você é maluco! – Gritava Lucian, tentando se livrar da mão deles.
-... É o começo de uma nova era! – E então tudo desapareceu.


[...]
Guilherme acordava assustado. O cabelo ruivo estava encharcado de suor e sua coberta colada ao corpo. Aquilo só podia ser um pesadelo. Mas sonhar assim, com pessoas que ele jamais viu... E amanhã era seu primeiro dia de aula. Com certeza devia ser um presságio: seria um dia assustador.
Sentiu sua garganta seca. O copo d’agua que sempre deixava na cabiceira estava vazio. Foi uma noite quente. Ele olhou em volta, observou todo o seu quarto: Paredes brancas, um pôster de Michael Jackson ao lado da porta. O armário encostado na parede do outro lado, a televisão em cima da cômoda e sua cabiceira, com livros de matemática e ciências, todo o material para amanhã cedo – Além de um copo vazio -.
Levantou-se, deu um bocejo e se espreguiçou bem. Ajeitou a blusa e pegou rumo ao corredor, estalando a língua. Abriu a porta vagarosamente e olhou para o corredor escuro. Por força do hábito, ele aperta o interruptor. Num susto, Guilherme é praticamente cegado pela luz e se apressa a tapar os olhos com o antebraço. Parado, ele espera que a visão se acostume para continuar.
Passando pela sala, -ainda com as pálpebras meio fechadas- Consegue identificar o video game Xbox no canto, em cima da estante. É... Agora só nos finais de semana. Pensou. O menino passara praticamente as férias todas grudado na televisão. Era um garoto de 14 anos que nunca gostou de esportes. Não fazia sentido para ele jogar qualquer coisa com uma bola: Era estranho... Era chato. Sua atividade preferida era jogar os jogos de tiro que ele tanto gostava: os FPS.
Na cozinha, ele vai até a geladeira e pega uma nova jarra de água. Leva-a inteira até o quarto e enche seu copo. Só depois percebe que está com muita preguiça para devolver a jarra. Guilherme se joga na cama -não antes de beber dois copos cheios - e cai no sono rapidamente.

HISTORIA DE MATHEUS CARDOSO

2 comentários:

  1. gostei... em especial da forma como o clima das cenas foram descritas, o novo escritor do blog está de parabéns...

    aguardando mais capitulos...

    abraços

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  2. Aninha, a continuação da história encontra-se no blog www.ostrespoderes.blogspot.com Porém é uma pena que esta só possua três capítulos até o momento. Por enquanto o autor se dedica a outra história que está a fazer. E pretende continuar Os Três Poderes assim que finalizá-la.

    www.cidadedosmortos-matheus.blogspot.com

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