sábado, 30 de julho de 2011

A Escuridão E O Amanhecer



CAPITULO 1: COMO NASCEM OS HEROIS - GABRIEL

A vida é estranha sempre me considerei uma pessoa normal, mas as coisas geralmente mudam quando menos esperamos, já fazia um tempo que eu vinha tendo o mesmo sonho eu caia de um prédio, mas quando eu estava quase a tocar o chão, uma jovem de cabelos negros como a noite, e olhos tão azuis como o mar me segurava, sua beleza não era fora do comum, mas o seu sorriso tornava seu rosto o mais belo que eu já havia visto, mesmo nunca a tendo visto, pelo menos por enquanto.
Era só mais uma manha fria quando eu acordei senti o frio percorrer o meu corpo, e tive vontade de voltar a dormir, mas era meu primeiro dia de aula do meu ultimo ano na escola, me levantei por que sabia que em breve minha mãe ia entrar e dizer que eu estava atrasado, o que não demorou muito pra acontecer, ela bateu três vezes na porta antes de abrir.
Carla: - Acorda Gabriel ou vai se atrasar.
Gabriel: - Já estou de pé mãe.
Carla: - Desculpa força do habito.
Sai do meu quarto e caminhei pelo corredor em direção ao banheiro, fiquei olhando meu reflexo no espelho durante quase um minuto, era meu ultimo ano na escola e tudo que eu tinha conseguido nesses anos todos foi só um amigo, isso nunca havia me preocupado antes sempre achei os outros jovens inúteis, idiotas, mas pela primeira vez eu tive vontade de ter mais amigos, tomei um banho rápido fui para o meu quarto escolher minha roupa, algo que levou mais tempo do que o de costume e desci.
Nós tínhamos cinco empregadas, mas minha mãe fazia questão de cozinhar, ela havia abandonado uma carreira de sucesso na área de marketing, para cuidar da família nunca me perguntei por que ela fez isso, nunca me pareceu realmente relevante saber, ao me ver ela sorriu e perguntou.
Carla: - Animado para o primeiro dia de aula?
Gabriel: - Não muito.
Carla: - Eu adorava a escola, eu tinha tantos amigos agente se divertia tanto.
Gabriel: - E o que aconteceu com todos eles?
Carla: - Se casaram.
Acho que ela estava fazendo uma piada, mas não tenho certeza o humor dela não era muito confiável.
Carla: - Alias o Tiago ligou e disse que vai passar aqui pra vocês irem juntos para a escola.
Tiago é meu melhor amigo ele tem uma aparência frágil, diferente dos últimos anos dessa vez ele foi passar as férias na casa de uma tia que vive na Fraca, ele me mandava e-mails quase todos os dias contando dos dias dele, ele conheceu, uma vinícola, alguns museus que eu não lembro o nome, beijou uma francesa e confirmou que elas têm cabelo debaixo dos braços, sempre achei que isso fosse só uma lenda.
Carla: - Por que o Tiago é seu único amigo?
Gabriel: - por que ele é igual a mim mãe.
Carla: - Cada pessoa é única filho, você pode não acreditar mais é verdade.
Fiquei pensando no que ela quis dizer com aquilo, mas no momento eu tinha outra preocupação, fazia uma semana que o Tiago não me mandava nenhuma noticia eu escrevi para ele um e-mail de quinze linhas e tudo que ele respondeu foi que estava bem e que voltaria em breve, tomei o meu café da manha terminei quase na mesma hora em que a campainha tocou me levantei rapidamente e andei apressado em direção a porta, enquanto caminhava ouvi minha mãe gritar.
Carla: - Diz pro Tiago mandar um beijo pra mãe dele.
Gabriel: - Pode deixar mãe.
Ao abrir a porta meu queixo quase foi ao chão, Tiago sorriu pra mim com aquele sorriso que eu conhecia tão bem, mas ele estava diferente, seu corpo magro continuava o mesmo, mas ele estava sem óculos e sua postura era diferente parecia mais confiante, será que foi efeito da francesa.
Gabriel: - Cadê seu óculos?
Tiago: - Não estou usando mais.
Gabriel: - Lentes?
Tiago: - Não!
Gabriel: - Você não enxergava nada sem os óculos, como agora você esta vendo sem eles.
Tiago: - Não sei ao certo, mas eu não preciso mais deles.
Aquilo era estranho pra mim, primeiro ele deixa de dar noticias durante uma semana, agora aparece totalmente curado da sua miopia, eu tinha certeza que tinha algo que ele não havia me contado, mas tinha certeza que ele me contaria quando se sentisse à vontade para faze-lo.
Tiago: - Vamos cara ou vamos nos atrasar.
Gabriel: - claro!
Tiago era a pessoa mais otimista que eu conhecia, uma vez ele apanhou de dois garotos e ao invés de chorar ele sorriu e disse que podia ter sido pior, ou quando ele teve anemia e teve que comer fígado com purê de batatas e feijão durante um mês, qualquer pessoa teria reclamado, mas tudo que ele disse foi que podia ser pior, podia ser abóbora no lugar da batata, enquanto caminhávamos, ele parecia empolgado com o primeiro dia de aula tive vontade de perguntar, mas ele falou antes.
Tiago: - Esse vai ser o nosso ano!
Gabriel: - Não faço questão – Eu menti.
Tiago: - É o nosso ultimo ano cara, ninguém vai lembrar da gente.
Gabriel: - Eu lembrarei de você.
Tiago: - Eu sei.
Ele abaixou a cabeça olhando para o chão como se buscasse palavras pra me contar alguma coisa, eu sei que devia ter perguntado a ele o que o estava afligindo, mas por algum motivo eu não fiz, ele então me olhou e sorriu coçando a cabeça.
Tiago: - Depois da aula eu quero te mostrar uma coisa.
Gabriel: - Por que não mostra agora?
Tiago: - Por que não quero que ninguém mais veja.
Não sei o que ele queria me mostrar só sei que a curiosidade estava me matando, nós chegamos na escola e lá estavam os mesmos adolescentes que eu costumava ver no ano anterior, a maioria eram fantasmas pra mim, mas alguns eu conhecia falei com eles algumas vezes como o Simon um garoto gordinho e ruivo com algumas sardas no rosto, quando ele era mais novo costumavam chamar ele de paty pimentinha, obvio que ele não achava isso tão engraçado quanto os outros, Tadeu um dos poucos negros que estuda aqui, ele ganhou bolsa de estudo, alguns alunos zombam dele por ele ser o único aqui que pode ser chamado de pobre, Matias que lançava seu olhar apaixonado para Isabel, a garota mais bonita da escola seu cabelo vermelho como o fogo era um belo contraste com seus olhos verdes esmeralda, sua pele branca parecia ainda mais branca, ela sempre tão cercada de amigos dessa vez estava sozinha, e assim parecia querer ficar, eu dei um passo em direção a ela, foi quando eu vi o Samuel, ele estava diferente, Estava usando óculos escuros, e uma bengala que os cegos usam, mas ele não era cego pelo menos não da ultima vez que eu o tinha visto.
Tiago: - Aquele é o Samuel – Tiago perguntou incrédulo.
Gabriel: - É ele sim, vamos lá ver o que houve.
Eu e Tiago nos aproximamos de Samuel, quando estávamos a uns cinco passos de alcançá-lo ele parou e girou o corpo em nossa direção.
Samuel: - Como vão vocês? Tiago, Gabriel?
Tiago: - Cara por um momento agente achou que você estivesse cego.
Samuel: - E estou.
Gabriel: - então como você sabia que era agente?
Samuel: - Pelos passos.
Gabriel: - Eu lamento.
Samuel: - Muito gentil.
Tiago: - Mais o que houve?
Samuel: - Uma explosão
Tiago: - Podia ter sido pior.
Gabriel: - Tiago – Eu o repreendi.
Tiago: - Desculpa.
Samuel: - Você está certo podia ter sido pior, acho que tenho que agradecer a Deus por só ter ficado cego.
Gabriel: - Se precisar de alguma coisa... – ele me interrompeu antes que pudesse terminar.
Samuel: - Devo esta parecendo péssimo pra você me oferecer ajuda.
Por algum motivo ouvir aquilo me atingiu de uma forma como se tivessem enfiado agulhas no meu peito, o que será que eles pensavam de mim, será que eles achavam que eu era indiferente ao sofrimento dos outros, que tudo que me importava era eu mesmo.
Samuel: - Me desculpe, eu não quis lhe ofender.
Ele deu as costas para a gente e foi se afastando, mas como ele sabia que o que ele disse tinha me incomodado.
Tiago: - Da pra acreditar nisso.
Gabriel: - É uma pena.
Tiago: - Vamos pra sala de aula.
Gabriel: - Claro.
Caminhamos para a sala e assistimos a uma aula que a cada pergunta que a professora fazia Tadeu respondia antes que qualquer um tivesse a chance de responder o que deixou alguns alunos irritados mesmo eles não sabendo as respostas, Todos nós sabíamos que o Tadeu era inteligente mais hoje ele estava parecendo um computador repleto de informações, obvio que não foi uma boa idéia ele demonstrar todos esses conhecimentos no meio de tanta gente burra, o que aconteceu foi o que geralmente acontece com pessoas inteligentes, na hora da saída ele apanhou, eu e o Tiago observamos a surra que ele levou, não era só agente havia vários outros estudantes assistindo, alguns incentivando, outros indiferentes, nos aproximamos quando os garotos foram embora, não que estivéssemos com medo mais àquela luta não era nossa, o ajudei a se levantar enquanto Tiago pegava os livros e cadernos dele que estavam espalhados, seu rosto estava sangrando pude ver na expressão dele o quanto ele estava se sentindo Humilhado, as pessoas passavam olhando para ele.
Tiago: - Você ta bem?
Tadeu: - Estou ótimo – Ele disse sem olhar para gente.
Gabriel: - Quer que agente ligue pra alguém, pra vim te buscar.
Tadeu: - Não obrigado!
Tiago: - Não liga pra aqueles caras, eles são uns idiotas, mas você também podia ter pego mais leve, não precisava mostrar que é tão inteligente.
Tadeu – esta querendo dizer que é minha culpa o fato de eu ser mais inteligente que vocês – Ele disse isso repleto de ódio.
Gabriel: - Não foi o que ele quis dizer.
Tadeu: - Foi exatamente o que ele disse.
Tiago: - Foi mau cara.
Tadeu pegou suas coisas e foi embora irritado, o ultimo olhar que ele nos deu me fez sentir um frio na espinha.
Tiago: - Pessoal mal agradecido.
Gabriel: - Vamos.
Tiago: - Estou morrendo de fome, vamos comer alguma coisa.
Gabriel: - Claro.
Fomos ate uma lanchonete perto da escola Tiago pediu um chesseburger com fritas e milkshake, eu preferi o Hambúrguer sem cebola e refrigerante médio.
Tiago: - Cara você precisa conhecer a França.
Gabriel: - Já fui lá quando era pequeno, não achei tudo isso.
Tiago: - Eu adorei, pretendo voltar no final do ano.
Gabriel: - Ficar dois meses fora de novo.
Tiago: Se eu não tiver nada melhor pra fazer.
Uma coisa me incomodava desde do final do ano passado, o que eu farei da minha vida quando esse ano terminar, que carreira vou seguir pensei em suicídio, mas percebi que era trágico de mais, mas ao mesmo tempo seria poético como uma tragédia grega, as pessoas diriam - ele tinha a vida toda pela frente por que foi fazer isso, será que não pensou na família, minha mãe com certeza sofreria muito, será que o Tiago tinha a mesma duvida.
Gabriel: - Já sabe que carreira vai seguir?
Tiago: - Não sei, e no momento isso é o que menos me preocupa.
Gabriel: - É uma decisão importante.
Tiago: - É por isso que eu não quero me preocupar com isso agora, mesmo por que talvez eu tire todo o ano que vem pra viajar o mundo, me encontrar como pessoa.
Gabriel: - Viajar por um ano inteiro, eu sei que sua mãe tem grana mais não sei se eles bancariam tal aventura.
Tiago: - Não vai ficar tão caro assim.
Gabriel: - Eu acho que vai.
Tiago: - Como eu disse mais cedo, tenho uma coisa pra te mostrar termine de comer e nós iremos.
Gabriel: - Ok.
Comi o mais rápido que eu pude, praticamente não estava mastigando só estava engolindo a comida, Tiago começou a comer rápido também parecia ate que estávamos competindo para ver quem terminava primeiro, algo que agente fez bastante enquanto éramos mais jovens, caminhamos para fora da lanchonete, as pessoas conversavam, eu podia ouvir o canto de alguns pássaros que quase não podia ser ouvido com o barulho de tantos carros, nós caminhávamos pela rua eu estava seguindo Tiago, ele parecia saber exatamente para onde estava indo enquanto eu só podia esperar, foi quando tudo aconteceu o som estridente de pneus fritando na pista com a freada de um carro, antes que eu pudesse girar meu corpo o suficiente para ver, ouvi o impacto de uma batida e pude ver o carro que recebeu a pancada capotar na pista atingindo outros carros e parando com as rodas para cima, pessoas aterrorizadas assistiam a tudo incrédulas, pareciam não ouvir os gritos daquela mulher e daquelas crianças que estavam dentro do Carro, ninguém se mexia para ajudar o choque passou, eu sabia exatamente o que tinha que fazer, aos poucos meu corpo começou a se mexer e caminhei lentamente em direção ao carro, pude ouvir a voz de espanto do Tiago quando ele viu o que eu estava a ponto de fazer, eu corri o mais rápido que eu pude ate aquele carro, ouvi as pessoas comentar que eu era louco enquanto outros diziam para chamar uma ambulância.
Tiago: - Volta aqui Cara, Não seja louco! – Pude ouvir Tiago Gritar.
Ajoelhei-me ao lado do carro pude ver que a mulher estava presa pelo cinto, no banco de trás havia duas crianças uma estava desacordada, não sabia se estava viva ou morta mais sabia que precisava tira-las dali o mais rápido possível, a mãe gritava desesperada para que eu tirasse as filhas dela do carro.
Gabriel: - Calma, a senhora consegue abrir a porta?
Ela esticou o braço o Maximo possível, mas não conseguiu e começou a chorar.
Gabriel: - Não chora eu vou tirar vocês daí – Tentei parecer confiante.
Tiago: - Sai logo daí antes que esse carro vá pelos ares.
Tiago gritou parecendo desesperado talvez ele estivesse vendo algo que minha visão momentaneamente limitada não me permitia ver, tenho quase certeza que ele gritou mais alguma coisa, mas não consegui entender, comecei a esmurrar o vidro do carro parecia que nada acontecia nenhum arranhão, somente a mancha de sangue que aumentava a cada golpe que eu desferia, mas de repente com um único golpe o vidro se partiu, a mulher dentro do carro me olhou como se eu tivesse feito algo impossível carreguei uma das crianças para longe do carro e entreguei para uma mulher que estava perto, voltei e tirei a outra menina, só faltava a mãe, me esgueire e tentei soltar o cinto do conector.
Mãe: - Por favor, me tira daqui.
Gabriel: - Estou tentando moça.
Com uma força que eu não sabia possuir parti a correia do cinto de segurança, a ajudei a sair do carro, ela correu o Maximo que conseguia para longe do carro me arrastei para fora e tudo aconteceu tão rápido um zumbido e logo depois uma explosão, senti o impacto, minha pele queimar como se eu tivesse sido atirado dentro de um mar de chamas meu corpo foi atirado contra a vidraça de uma loja senti os cacos de vidros me cortarem e grudarem no meu corpo, bati com violência contra o chão, a dor era insuportável tudo que eu queria naquele momento era morrer, mas por algum motivo não era isso que estava acontecendo, a dor foi passando, não queimava mais, meus ossos pareciam esta voltando para o lugar, já podia mexer meu braço me sentei e comecei a tirar alguns cacos de vidro que estavam presos em meu corpo, foi quando Tiago entrou na loja e me olhou atônito, ele parecia esta procurando as palavras olhei para mim e vi que minhas roupas estavam um trapo, pelo menos o que sobrou dela.
Tiago: - Você não morreu?
Gabriel: - Você pensou tanto pra dizer isso.
Tiago: - Você não viu o que aconteceu, você vôo pelos ares, você estava a menos de um metro do carro quando ele explodiu, não tinha chances de você ter sobrevivido.
Gabriel: - Eu sei.
Tiago: - Você não esta nem ferido.
Gabriel: - Se servi de consolo há alguns segundos atrás eu estava desejando morrer tamanha era a dor que eu estava sentindo.
Tiago: - Você nem ao menos está ferido.
Ele estava certo isso era impossível, eu deveria esta morto, ou no mínimo agonizando, mas não sinto nada disso muito pelo contrario me sinto ótimo, como se nada tivesse acontecido, tudo o que eu aprendi ate hoje me diz que o que eu acabei de viver é impossível.
Tiago: - Isso é ...
Gabriel: Impossível?
Tiago: - Eu ia dizer incrível.
Gabriel: - Eu fico com o impossível.
Tiago: - Na verdade não é não, faz sentindo... Você se regenera igual ao wolverine.
Gabriel: - Essa é a sua explicação.
Tiago: - Consegue se levantar?
Levantei-me normalmente e nós saímos pela porta dos fundos, corremos, era incrível que eu pudesse esta correndo, foi quando eu senti Tiago me segurar e meus pés não tocaram mais o chão, ele estava voando, eu estava morrendo de medo mais ele estava voando.
Gabriel: - Você esta voando.
Tiago: - Eu sei.
Gabriel: - Como isso é possível?
Tiago: - Acho que da mesma forma que você pode se regenerar.
Gabriel: - Não a garantias que eu possa.
Tiago: - Se eu te largar agora e você se espatifar no chão, tenho certeza que você sobreviveria, quer tentar?
Gabriel: - Nem pense nisso.
Tiago: - Relaxa!
Gabriel: Quando isso começou com você?
Tiago: - A mais ou menos uma semana.
Gabriel: - Por que você não me contou?
Tiago: - Eu ia contar.
Gabriel: - Por que não contou antes?
Tiago: - Fiquei com medo que você me achasse uma aberração, mas agora eu vejo que você também é uma.
Gabriel: Não sou uma aberração.
Tiago: - Se regenerar não é algo muito comum.
Ele pousou em cima de um prédio a vista de lá era incrível, ele parecia preocupado com alguma coisa, talvez tenha se dado conta que alguém pode ter nos visto voando.
Tiago: - Será que isso aconteceu só com agente.
Gabriel: - Não sei, na verdade nem sei o que foi que aconteceu.
Tiago: - Eu vôo e você se regenera foi isso que aconteceu.
Gabriel: - Mais como aconteceu.
Tiago: - Como é que eu vou saber?
Continuamos a olhar pro horizonte sentados no parapeito do prédio, em outras circunstancias eu teria ficado com medo de cair, mas depois de tudo que passei hoje, isso não me importava mais, na pior das hipóteses o Tiago voaria e me seguraria antes de eu cair, mas acho que ele me deixaria cair só pra ter certeza que eu posso me regenerar, as horas foram passando e nós ficamos ali tentando entender buscando uma explicação lógica, talvez esse fosse o problema, algo lógico não explicaria o que esta acontecendo com agente, o que estávamos nos tornando... Perguntas que eu não posso responder pelo menos não agora.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sangue de Maria: Parte 1



“Sangue De Maria”



FADE IN:


INT.Colégio-Vestiário-Dia

A dois bancos, Chuveiros com divisórias, e um espelho no lado oposto às divisórias, cinco garotas entram vestido uniformes de futsal.

Garota#1
Hoje foi um jogo difícil!

Garota#2
Se foi!

Garota#3
Mais o importante é que vencemos.

Elas tiram as roupas e entram para tomar banho.

Garota#1
Nossa, como essa água esta fria.

Garota#3
Vou terminar logo, tenho que encontrar meu namorado.

Garota#4
Ontem eu o vi lá na minha rua.

Garota#3
O que ele estava fazendo lá?

Garota#4
Ele tava com os colegas dele.

Garota#3
Cachorro! Ele disse que ia na casa da avó!

Garota#4
Vai ver a avó dele mora lá!

Garota#3
A avó dele não mora lá!
A garota#3 se enrola na toalha.

Garota#5
Vai com calma.

A garota#3 veste uma roupa e sai.

Garota#4
Eu vou atrás dela!

Garota#2
Espera ai também vou!

As garotas saem do chuveiro, e saem do vestiário, somente a Garota#1 permanece, ela esta tirando xampu do cabelo quando escuta o barulho de algo se chocando com o chão.

Garota#1
Quem é?

Alguém para perto da primeira divisória e começa a caminhar para a divisória que a Garota#1 esta, só se pode ver um pedaço da cabeça da pessoa, seu cabelo e loiro.

A Garota#1 desliga o chuveiro, ela vê que tem alguém parado em frente à porta.

Garota#1
Quem esta ai?

A Garota#1 abre a porta e da um grito.
CORTA PARA:

INT.Casa De Jaqueline-Quarto-Noite

O quarto tem uma decoração bem sombria, Jaqueline esta desenhando um dragão.
Alguém bate na porta, a Mãe dela entra no quarto, ela esta com um uniforme escolar na mão.

Jordana
Nossa, sempre que eu entro nesse quarto sinto um frio na espinha.

Jaqueline
Você veio aqui pra falar que não gosta da decoração do meu quarto?
Jordana
Não! Vim para lhe entregar isso.

Jordana coloca o uniforme sobre a cama, Jaqueline se levanta e olha o uniforme.

Jaqueline
Que porcaria é essa?

Jordana
Seu novo uniforme escolar!

Jaqueline
Ele é ridículo, e super antiquado.

Jordana
Eu achei bonitinho.

Jaqueline
Talvez seja por que você também é antiquada.

Jordana
Cuidado como fala comigo menina.

Jaqueline
Vocês podiam ter me matriculado num colégio que não precisasse usar uniforme.

Jordana
Você deveria agradecer, sabe como foi difícil te conseguir um colégio já na metade do ano letivo.

Jaqueline
Então talvez fosse melhor não ter conseguido um.

Jordana
E perder todo ano letivo?

Jaqueline
Tudo bem mãe.

Jordana: Sai De Cena

Jaqueline segura o uniforme.

Jaqueline
Isso só pode ser castigo!
INT.Casa De Jaqueline- Cozinha- Dia

Jordana e Mario estão tomando café da manha.

Jaqueline:Entra Em Cena

Jaqueline esta vestida com o uniforme, Jordana e Mario Ficam olhando para ela com um sorriso no rosto.

Jaqueline
Algo me diz que vocês escolheram esse colégio, só pra me ver usando esse uniforme.

Jordana
Ficou bem em você.

Mario
É verdade filha, você esta uma graça.

Jaqueline
Que tal pararmos com as piadinhas?

Jordana
Não estamos fazendo piada filha.

Jaqueline
Quem vai me levar para o colégio?

Mario
Sou eu!

Jaqueline
Então Vamos logo pai!

Jordana
Não vai nem tomar café filha?

Jaqueline
Como qualquer coisa na escola.
CORTA PARA:

INT.Carro De Mario- Dia

Jaqueline esta olhando pela janela, Mario olha para ela.

Mario
Então, ansiosa?
Jaqueline
Devo admitir, eu estou um pouco.

Mario
Todo mundo fica com frio na barriga no primeiro dia de aula.

Jaqueline
É!

Mario
...Você...Tem certeza que já esta preparada para voltar a estudar?

Jaqueline
Você acha que não?

Mario
Não sei, é você que tem que me dizer.

Jaqueline
Na sua opinião, estou pronta para voltar a conviver com outras pessoas ou não?

Mario
...Filha...

Jaqueline
Já vi que o senhor acha que não estou pronta.

Mario
Não é isso Jaqueline, só acho que você podia esperar ate o ano que vem.

Jaqueline
Foi minha mãe que insistiu...E já estou me sentindo melhor, nem tenho tido pesadelos.

Mario
Que bom!


Mario estaciona o carro em frente à escola.

Jaqueline
Tchau pai!

Jaqueline desce do carro.
Mario
Tchau filha!

EXT.Colégio- Pátio- Dia

Os alunos(a) Estão todos no pátio, a um certo alvoroço e comentários.

Aluna#1
Ouvi dizer que o corpo dela estava em pedaços.

Aluno#1
Falaram que não havia uma gota de sangue no corpo.

Aluna#2
Eu conheço uma amiga dela.

Aluna#3
A ultima vez que a viram com vida foi no vestiário.

Aluno#2
O corpo foi achado no rio!

Jaqueline olham em volta procurando alguém, ela vê uma garota sentada sozinha, Jaqueline caminha ate ela.

Jaqueline
Oi!

Bianca
Oi!

Jaqueline
Você por acaso sabe o que esta acontecendo?

Bianca
Você não ficou sabendo?

Jaqueline
Não! Conte-me.

Bianca
Há dois dias uma garota desapareceu, e o ultimo lugar que a viram foi aqui no colégio, e ontem à noite acharam o corpo dela num rio que passa aqui perto.

Jaqueline se surpreende.
Jaqueline
Nossa!...Já sabem quem fez isso?

Bianca
Não, eles ainda não têm nenhuma idéia, meu pai disse que o rosto dela estava todo retalhado, e não havia uma gota de sangue, nem mesmo sangue coagulado.

Jaqueline
Isso não é muito normal, é?

Bianca
Pelo pouco que sei sobre, não.

Jaqueline
Meu nome é Jaqueline!

Bianca estende sua mão para cumprimentar Jaqueline.

Bianca
O meu é Bianca...Muito prazer.

Paulo: Entra Em cena

Ele se dirige aos alunos.

Paulo
Peço atenção de todos vocês um minuto.

Jaqueline
Quem é ele?

Bianca
É o diretor da escola.

Jaqueline
Simpático!

Os alunos se juntam para ouvir o diretor.

Paulo
Peço que todos os alunos se apresentem no auditório.

Bianca
Vamos, o auditório não é muito grande, vamos acabar ficando sem lugar.
CORTA PARA:
INT.Colégio- Auditório- Dia

Alguns alunos estão em pé, a maioria estão sentados, Paulo esta no palco, ao seu lado esta um homem.

Aluno#3
Você não acha que deve ter sido ela?

Aluna#4
Não sei, isso é só uma lenda.

Jaqueline
Ela quem Bianca?

Bianca
A loira do banheiro.

Jaqueline começa a rir.

Jaqueline
Isso é ridículo, não passa de lenda urbana.

Bianca
Mais toda lenda tem um fundo de verdade.

Paulo
Alunos! Alunos Quietos, por favor, esse é o policial Samuel Martins, ele gostaria de falar com vocês um minuto.

Samuel
Bom dia, como vocês já sabem uma colega de vocês foi achada morta ontem à noite, e gostaria muito que se por acaso algum de vocês tenham alguma informação, por mais relevante que seja não hesite em comunicar a policia.

Aluno#4(Grita)
Foi à loira do banheiro!

Samuel
Gente, isso não é brincadeira...Os pais dela estão desesperados e inconformados, então eu peço que todos vocês tenham um pouco de consideração.

Samuel desce do palco.

Paulo
Estão todos dispensados, as aulas de hoje estão suspensas.
Os alunos começam a comemorar e a sair.
CORTA PARA:

EXT.Colégio- Entrada- Dia

Jaqueline e Bianca estão saindo, outros alunos(A) também estão saindo.

Jaqueline
Essa é a primeira que algo assim acontece?

Bianca
A policia vir ate o colégio?

Jaqueline
Não, alguma garota desaparecer e depois ser encontrada morta?

Bianca
Na escola é a primeira vez, mas outras pessoas já desapareceram misteriosamente por aqui.

Jaqueline
Você acredita mesmo que exista um fantasma no banheiro?

Bianca
Uma garota morreu no banheiro da escola, ela estava lá dentro fumando quando escorregou numa poça de água e bateu de cabeça, ai morreu, e desde então se você falar sangue de Maria três vezes na frente do espelho...Ela vem te buscar.

Jaqueline
Besteira!

Bianca
Acha que é besteira? Então fala três vezes sangue de Maria na frente do espelho.

Jaqueline
Tudo bem!

Bianca
Então talvez essa seja a ultima vez que nós vamos nos ver.

Jaqueline
Não conte com isso...Amanha to de volta.
CORTA PARA:

INT.Casa De Jaqueline- Banheiro- Noite

Jaqueline esta diante do espelho, ela respira fundo.

Jaqueline
Sangue de Maria! Sangue de Maria...Sangue de Maria.

O som de um trovão assusta Jaqueline.

Jaqueline
Foi só um trovão!

Ela olha para os lados e sai do banheiro.

INT.Casa De Jaqueline- Quarto- Noite

Jaqueline acende a luz do quarto e olha em todos os cantos.

Jaqueline
Deixa de ser boba, esta com medo de uma lenda idiota?

Ela apaga a luz e se deita, um pequeno feixe de luz entra por debaixo da porta, ela escuta passos lentos se aproximar da porta, ela começa a respirar ofegante, o feixe de luz e encoberto por alguém.

Mario(O.S.)
Boa noite filha!

Jaqueline respira aliviada.

Jaqueline
Boa noite pai!

Ela ri de si mesma.
CORTA PARA:

INT.Colégio- Sala de Aula- Dia

Jaqueline esta sentada ao lado de Bianca.

Jaqueline
Eu disse sangue de Maria três vezes na frente do espelho e não aconteceu nada.

Bianca
Duvido que você tenha dito.
Jaqueline
Só por que você não tem coragem, não significa que eu também não tenha.

Bianca
Você disse mesmo?

Jaqueline
Claro!

Bianca
Vai ver só funciona no banheiro da escola.

Jaqueline
Provavelmente a garota que acharam no rio, deve ter sido morta por algum maluco.

Bianca
Então ele deve ser um cara bem engenhoso e cruel.

Jaqueline
Está ai uma coisa que não falta nesse mundo.

O sinal toca.

Bianca
Vamos embora!

Int.Colégio- Corredor- Dia

Os alunos estão saindo das salas de aulas, Jaqueline esta ao lado de Bianca.

Jaqueline
Espera um minuto, vou ao banheiro.

Bianca
Vê se não demora.

Jaqueline
Já viu alguma mulher ir ao banheiro e não demorar?

INT.Colégio- Banheiro Feminino- Dia

Ao entrar ela nota que não tem ninguém, ela entra numa das divisórias e senta para fazer xixi, de repente ela escuta passos ela estranha.
Jaqueline
Não ouvi a porta.

Ela abaixa para olhar, mas só consegui ver os pés da pessoa que usa meias, bem velhas e sujas, parece que seus pés estão molhados, ela se levanta e sai no exato momento que a garota entra na ultima divisória.

Jaqueline
Tem alguém ai?

Ela caminha ate o espelho.

Jaqueline
Sangue...

Ela vê pelo reflexo do espelho fumaça saindo de dentro da ultima divisória, ela olha.

Jaqueline
É melhor você ter cuidado, se o diretor ficar sabendo que você esta fumando na escola ele vai te dar uma suspensão.

Voz Feminina
É...Eu sei!

Jaqueline estranha à voz da menina e sai do banheiro.

INT.Colégio- Banheiro- Dia

Bianca ainda esta em frente à porta do banheiro, quando Jaqueline sai.

Bianca
Demorou heim!

Jaqueline
Demorei por que entrou uma garota estranha no banheiro, com as meias toda suja.

Bianca
Ninguém entrou no banheiro!

Jaqueline
Claro que entrou...Eu vi!

Bianca balança a cabeça de forma negativa.
Bianca
Então você esta vendo demais, por que eu não saí daqui, e posso afirmar que ninguém entrou ai.

Jaqueline
Bianca, eu estava lá dentro sei exatamente o que vi.

Bianca
Então vamos lá dentro.

Jaqueline
Não

Bianca
Que foi esta com medo?

Jaqueline
Claro que não estou com medo.

Bianca
Então vamos!

Elas entram no banheiro.

INT.Colégio- Banheiro- Dia

Ao entrarem Jaqueline olha atentamente.

Jaqueline
Olá!

Bianca
Eu disse que não tinha entrado ninguém!

Jaqueline
Impossível!

Jaqueline caminha ate a ultima divisória e a abre.

Bianca
Tem alguém ai?

Jaqueline
Não!

Bianca
Eu disse!
Jaqueline abaixa e pega uma guimba de cigarro e mostra para Bianca.

Jaqueline
A garota que estava aqui, tava fumando.

Bianca
Dizem que a Loira do banheiro fumava aqui.

Jaqueline
Lá vem você com isso outra vez.

Bianca
Olha, não fui eu que disse que vi uma garota entrar, sendo que ninguém entrou.

Jaqueline
Não estou ficando louca.

Bianca
Não disse isso...Mas talvez ela esteja te perseguindo...Pra te matar.

Jaqueline
Então por que ela não me matou logo?

Bianca
Isso eu não sei!

Duas meninas entram no banheiro.

Menina#1
Ta tudo bem?

Jaqueline
Está tudo ótimo!

Jaqueline e Bianca saem do banheiro.